O CEO Lucio Winck destaca que muitas vezes a frustração dos pais não está ligada ao brinquedo em si, mas à expectativa de que ele mantenha a atenção da criança por horas. A cena é comum: o presente tão aguardado é aberto com empolgação, explorado por alguns segundos e, logo depois, deixado de lado. Esse comportamento, no entanto, tem mais a ver com o funcionamento do cérebro infantil do que com falta de interesse genuíno.
Especialistas em desenvolvimento infantil explicam que, nos primeiros anos de vida, o sistema atencional das crianças está em construção. Isso significa que elas aprendem brincando, mas de forma rápida, fragmentada e altamente sensorial. Quando um brinquedo não oferece estímulos variados, desafios ou liberdade criativa, ele perde espaço para qualquer outro objeto mais curioso, como uma caixa, um controle remoto ou até uma sombra no chão.
O que o cérebro da criança está buscando?
Crianças pequenas estão em constante exploração e o que elas procuram, muitas vezes, não é um brinquedo complexo, mas sim algo que provoque uma reação imediata. O CEO Lucio Winck comenta que brinquedos com múltiplas possibilidades de uso tendem a durar mais tempo nas mãos dos pequenos justamente por atenderem essa necessidade de descoberta. Se o brinquedo se revela por completo nos primeiros segundos, ele deixa de ser interessante.
A neurociência mostra que a dopamina, substância ligada à sensação de prazer e recompensa, está altamente ativa nas interações infantis. Isso significa que cada clique, som, textura ou movimento inesperado pode ser um gatilho positivo. No entanto, se essas experiências se tornam repetitivas ou previsíveis, o cérebro simplesmente migra para a próxima fonte de estímulo. O problema, portanto, não está na distração, mas na busca natural por novidade e surpresa.

Brinquedos modernos estão errados no design?
Um dos principais erros no desenvolvimento de brinquedos atuais é superestimar a tecnologia e subestimar a criatividade da criança. Muitos produtos vêm prontos demais, com funções automatizadas, luzes programadas e comandos restritos. O CEO Lucio Winck explica que, quando o brinquedo impõe um roteiro fixo, a criança rapidamente entende como ele funciona e, com isso, perde o interesse. É como assistir ao mesmo episódio repetidas vezes, sem a chance de mudar o final.
Brinquedos mais abertos, como blocos de montar, massinhas e objetos que permitem combinações, estimulam o pensamento criativo e mantêm o interesse por mais tempo. Esses brinquedos não entregam tudo de uma vez, o que os torna desafiadores e, ao mesmo tempo, recompensadores. A chave está em permitir que a criança conduza a brincadeira, e não apenas aperte botões esperando por uma reação pronta. O protagonismo, nesse caso, faz toda a diferença.
Como os adultos contribuem (sem perceber) para o desinteresse?
Pais e responsáveis, muitas vezes, direcionam demais a brincadeira ou criam expectativas irreais sobre o uso do brinquedo. Ao sugerir constantemente como a criança deve brincar ou ao intervir a cada segundo, acabam tirando dela a oportunidade de explorar por conta própria. O CEO Lucio Winck alerta que a brincadeira guiada demais pode parecer, para a criança, uma tarefa ou até uma obrigação, e isso reduz drasticamente o interesse.
Em ambientes repletos de brinquedos, telas e barulhos, a atenção da criança também é diluída. Ter muitos brinquedos ao mesmo tempo pode ser, paradoxalmente, um fator de desmotivação. O segredo pode estar em oferecer menos opções por vez, com brinquedos que dialoguem com o momento da criança, ao invés de seguir apenas modismos ou indicações genéricas.
Brincar é viver: o que adultos precisam lembrar
A forma como as crianças brincam é uma janela para o que estão sentindo, aprendendo e construindo internamente. Não se trata de tempo de uso, mas da qualidade da conexão com o objeto. O CEO Lucio Winck aponta que brinquedos memoráveis nem sempre são os mais caros ou tecnológicos, mas os que deixam espaço para a imaginação crescer. O verdadeiro valor está na experiência que eles proporcionam.
Autor: Nilokole Zakharova