Como elucida o teólogo Jose Eduardo Oliveira e Silva, a crise ecológica global exige uma resposta unificada de todos os setores da sociedade, e a Igreja Católica tem assumido um papel de liderança moral e prática nessa causa. O elo entre sustentabilidade e fé transcendeu o discurso e se manifesta em ações em defesa do meio ambiente que inspiram milhões de fiéis e comunidades em todo o mundo.
Se você deseja conhecer as comunidades eclesiais e se engajar nessas iniciativas, transformando a fé em atitudes concretas de preservação, continue lendo a seguir!
O marco doutrinário: A Encíclica Laudato Si’ e a conversão ecológica
O ponto de inflexão na postura da Igreja Católica em relação ao meio ambiente foi a publicação da Encíclica Laudato Si’ em 2015. Este documento papal estabeleceu a ecologia integral como um princípio fundamental, unindo a preocupação com a natureza (ecologia ambiental) e a preocupação com a justiça social (ecologia humana). Essa abordagem reconhece que a degradação ambiental e a exclusão dos mais pobres são faces da mesma crise.

A Laudato Si’ não se limita a lamentar a crise; ela convoca a uma conversão ecológica, um chamado à mudança de hábitos individuais e comunitários que causem menos impacto no planeta. Segundo a doutrina, o descarte de resíduos, o consumismo desenfreado e a degradação da natureza estão intrinsecamente ligados à pobreza. Como considera o Pe. Jose Eduardo Oliveira e Silva, o texto serviu de base teológica para todas as ações da Igreja Católica em defesa do meio ambiente, fornecendo um referencial ético para o ativismo ambiental cristão.
Ações práticas em nível global e comunitário pela sustentabilidade
As ações da Igreja Católica em defesa do meio ambiente se manifestam em diversas esferas, desde o Vaticano até as paróquias locais:
- Plataforma de Ação Laudato Si’ (PALDS): Iniciada em 2021, a PALDS é um programa de sete anos que orienta dioceses, escolas, hospitais, ordens religiosas e famílias a criarem planos de sustentabilidade específicos. As metas incluem a adoção de energias renováveis, a economia de água e a promoção da agricultura sustentável e responsável;
- Investimento Ético e Desinvestimento em Combustíveis Fósseis: Muitas ordens religiosas, conferências episcopais e dioceses estão revisando suas carteiras de investimento, priorizando empresas que se alinham com os valores de sustentabilidade e desinvestindo em indústrias de alto impacto ambiental. Isso demonstra uma coerência entre a pregação e a prática financeira;
- Projetos de Restauração Ecológica e Defesa da Amazônia: Em regiões de megabiodiversidade, a Igreja Católica tem apoiado ativamente comunidades indígenas e ribeirinhas na proteção de biomas essenciais. Como comenta o Pe. Jose Eduardo Oliveira e Silva, o trabalho da Igreja no Sínodo da Amazônia, por exemplo, demonstrou o compromisso inegociável com a proteção das populações vulneráveis e de seus territórios.
Essas iniciativas demonstram que a sustentabilidade é uma questão de ética e de justiça social, e não apenas uma preocupação ambiental.
O papel da educação, liturgia e do testemunho na defesa do meio ambiente
O engajamento na defesa do meio ambiente também ocorre por meio da educação e da liturgia. Escolas católicas têm integrado a ecologia integral em seus currículos, formando uma nova geração com consciência ambiental desde cedo, ensinando a importância da sobriedade e do consumo consciente.
Além disso, a Igreja Católica celebra o Tempo da Criação anualmente, um período ecumênico dedicado à oração e à ação pela natureza. Esse momento litúrgico reforça o laço entre Sustentabilidade e Fé, lembrando aos fiéis o papel de guardiões da criação, e não de dominadores. Como elucida o sacerdote Jose Eduardo Oliveira e Silva, a mudança cultural começa na base, por meio do ensino e da vivência dos valores, garantindo que o cuidado com o planeta seja um ato de adoração.
Desafios e a continuidade do compromisso
Apesar do avanço doutrinário e das ações da Igreja Católica, a escala das mudanças necessárias para a sustentabilidade ainda exige persistência. A resistência de alguns setores mais conservadores e a dificuldade de implementar mudanças em grandes estruturas burocráticas exigem vigilância constante.
O futuro, conforme o filósofo Jose Eduardo Oliveira e Silva, aponta para a intensificação do diálogo inter-religioso e intersetorial. A voz da Igreja, aliada a outras tradições de fé e a organismos internacionais, pode exercer uma pressão significativa sobre governos e corporações para a adoção de políticas mais verdes. A meta é garantir que o compromisso com a sustentabilidade se torne uma marca indelével na identidade da Igreja Católica do século XXI.
O cuidado com a criação é inseparável da adoração ao Criador, pois proteger a natureza é também um ato de amor e gratidão a Deus. Assim, a Igreja propõe um caminho prático e moral para enfrentar a crise ecológica global, inspirando comunidades a adotarem estilos de vida mais simples, solidários e conscientes. Em última análise, fé e sustentabilidade se entrelaçam em uma mesma missão: cuidar da Casa Comum como expressão viva da espiritualidade cristã e do compromisso com as futuras gerações.
Autor : Nilokole Zakharova