Conforme evidencia Bruno Garcia Redondo, o Sistema Único de Saúde (SUS) é a principal rede pública de atendimento à saúde no Brasil e, ao longo dos anos, consolidou uma política de atenção psicossocial. A estrutura do SUS para a saúde mental está organizada em uma rede articulada de serviços, com destaque para os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que funcionam como unidades especializadas em transtornos mentais severos e persistentes. Saiba mais, a seguir!
Quais são os principais desafios enfrentados no acesso à saúde mental pelo SUS?
Apesar dos avanços, o acesso à saúde mental pelo SUS enfrenta inúmeros desafios, como destaca Bruno Garcia Redondo. Um dos principais é a desigualdade na distribuição dos serviços. Outro obstáculo significativo é a escassez de profissionais especializados, como psiquiatras, psicólogos e terapeutas ocupacionais, o que sobrecarrega os serviços existentes e compromete a qualidade do atendimento.

Os CAPS, por exemplo, foram concebidos como pilares da Reforma Psiquiátrica Brasileira, com a missão de substituir o modelo hospitalocêntrico e oferecer cuidado humanizado em saúde mental. No entanto, sua capacidade de atender à crescente demanda da população ainda é limitada. Em muitos municípios, há poucos CAPS disponíveis, e suas equipes frequentemente operam no limite da capacidade.
Qual o papel da atenção básica no cuidado em saúde mental?
A atenção básica, representada principalmente pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), desempenha um papel crucial na promoção, prevenção e cuidado inicial em saúde mental. É nesse nível de atenção que muitos usuários têm o primeiro contato com o sistema de saúde, o que a torna estratégica para o acolhimento de casos leves e moderados de sofrimento psíquico.
Segundo Bruno Garcia Redondo, o atendimento em saúde mental em situações de crise ou emergência é uma das áreas mais sensíveis do SUS. Quando uma pessoa apresenta um comportamento de risco, muitas vezes o primeiro ponto de contato é uma unidade de pronto atendimento (UPA). Contudo, muitos desses serviços não estão preparados para lidar com essas situações. O ideal é que existam serviços especializados para essas emergências, como os CAPS III, que funcionam 24 horas, mas sua presença ainda é escassa.
O que pode ser feito para melhorar o acesso à saúde mental no SUS?
As políticas públicas têm impacto direto sobre o acesso à saúde mental, influenciando desde o financiamento até a estruturação dos serviços. A Reforma Psiquiátrica Brasileira, instituída pela Lei nº 10.216/2001, foi um marco na defesa dos direitos das pessoas com sofrimento psíquico, promovendo a substituição progressiva dos hospitais psiquiátricos por serviços comunitários.
Melhorar o acesso à saúde mental no SUS requer uma série de ações integradas, pontua Bruno Garcia Redondo. Primeiramente, é essencial aumentar o financiamento destinado à saúde mental, assegurando recursos para manutenção e expansão dos serviços, principalmente os CAPS. Também é necessário investir na formação continuada dos profissionais de saúde, com foco em práticas humanizadas, antimanicomiais e centradas na pessoa.
Por fim, Bruno Garcia Redondo enfatiza que o principal e fundamental é ouvir os usuários e familiares, valorizando sua participação na construção de políticas públicas. Portanto, o acesso à saúde mental de qualidade é um direito humano e precisa ser tratado como prioridade na agenda pública brasileira.
Autor: Nilokole Zakharova