O modelo de energia solar compartilhada vem se expandindo como uma solução acessível, sustentável e economicamente viável para comunidades rurais organizadas em sistemas cooperativos. Segundo o empresário Aldo Vendramin, esse formato permite que produtores, muitas vezes com estruturas pequenas ou médias, tenham acesso à geração de energia limpa sem precisar investir individualmente em equipamentos ou manutenção. A união das propriedades por meio de uma cooperativa fortalece não só a autossuficiência energética do campo, como também os laços de solidariedade e gestão coletiva.
Em vez de cada produtor instalar um sistema fotovoltaico próprio, o modelo compartilhado viabiliza a construção de uma usina solar central, cujos créditos energéticos são divididos proporcionalmente entre os cooperados. Isso reduz custos, aumenta o poder de negociação junto às concessionárias e amplia o impacto ambiental positivo. Além da redução da conta de luz, os participantes passam a integrar um modelo de produção mais resiliente, em sintonia com os objetivos de desenvolvimento sustentável e as metas de descarbonização do setor agropecuário.

Energia solar compartilhada como estratégia de inclusão energética no agro
A energia solar compartilhada torna-se especialmente estratégica em comunidades agrocooperadas, pois atende realidades onde o investimento individual seria inviável. De acordo com Aldo Vendramin, o compartilhamento não é apenas uma solução técnica, mas também uma ferramenta de inclusão energética, que nivela o acesso entre pequenos, médios e grandes produtores. Ao operar sob o guarda-chuva de uma cooperativa, os agricultores diluem riscos, otimizam recursos e aumentam a eficiência da produção.
Esse modelo também favorece o planejamento conjunto e o uso racional da energia gerada, já que a governança é exercida de forma democrática pelos cooperados. As decisões sobre manutenção, ampliação e distribuição de créditos energéticos são tomadas coletivamente, promovendo transparência e maior senso de pertencimento. Outro ponto relevante é a capacidade de levar energia limpa a regiões afastadas dos grandes centros, contribuindo para a redução da desigualdade energética no campo.
Benefícios econômicos e ambientais para a produção rural
A adoção da energia solar compartilhada proporciona vantagens claras na gestão financeira das propriedades. A previsibilidade de custos energéticos facilita o planejamento da safra, reduz a vulnerabilidade a oscilações tarifárias e permite reinvestimentos em outras áreas da produção. Conforme ressalta Aldo Vendramin, em um setor altamente dependente de energia para irrigação, refrigeração, processamento e armazenamento, reduzir a despesa com eletricidade é um diferencial competitivo significativo.
Do ponto de vista ambiental, o impacto é igualmente expressivo. A geração de energia solar evita a emissão de toneladas de CO₂, reduz a pressão sobre fontes fósseis e diminui a pegada de carbono dos produtos agropecuários. Isso melhora a imagem dos produtores perante o mercado, especialmente em cadeias que exigem comprovação de práticas sustentáveis. Além disso, a adesão à energia limpa é um passo fundamental para a obtenção de selos verdes e certificações que agregam valor aos produtos no Brasil e no exterior.
Caminhos para ampliar o acesso à energia limpa no meio rural
A expansão da energia solar compartilhada depende de políticas públicas consistentes, linhas de crédito específicas e marcos regulatórios que favoreçam a geração distribuída no campo. Aldo Vendramin acredita que é papel do Estado, das cooperativas e da iniciativa privada atuarem de forma coordenada para ampliar o número de comunidades agrocooperadas com acesso à energia limpa. Programas de incentivo, desoneração de equipamentos e assistência técnica são ferramentas decisivas para que esse modelo se consolide.
A capacitação dos cooperados, o apoio à gestão participativa e o investimento em tecnologias de monitoramento remoto são igualmente importantes para a sustentabilidade do sistema. A experiência já demonstra que, quando bem planejado, o modelo compartilhado fortalece a resiliência das comunidades, promove a transição energética e reforça o papel das cooperativas como protagonistas da inovação no meio rural. Com foco, organização e visão de longo prazo, a energia do sol pode iluminar o futuro do campo brasileiro.
Autor: Nilokole Zakharova