Segundo Gustavo Beck, festivais de cinema não apenas exibem filmes — eles constroem narrativas, influenciam a crítica e moldam a própria história do audiovisual. Com quase duas décadas de atuação em mais de 25 países, Gustavo Beck destaca o papel decisivo dessas plataformas na consagração de obras, descoberta de talentos e renovação dos discursos cinematográficos.
De acordo com Gustavo Beck, o curador e o programador são agentes centrais nesse processo, responsáveis por selecionar e articular obras que dialogam com contextos históricos, sociais e estéticos diversos. Para ele, festivais são mais do que vitrines: são espaços de pensamento, encontro e preservação da cultura cinematográfica.
O festival como agente histórico
Conforme explica Gustavo Beck, festivais internacionais como Viennale, Rotterdam ou Cinéma du Réel funcionam como mediadores entre a produção audiovisual e a memória cultural. Ao organizar mostras temáticas e retrospectivas, os curadores estabelecem relações que ajudam a recontar — e reinterpretar — a história do cinema.
Essas escolhas definem o que será lembrado, estudado ou esquecido. Para Gustavo Beck, a curadoria é, portanto, um ato político e crítico, que envolve responsabilidade e visão histórica.
O papel do programador: entre descoberta e consagração
De acordo com Gustavo Beck, o programador de um festival é também um cartógrafo do cinema contemporâneo. Cabe a ele identificar novas linguagens, conectar obras de diferentes origens e construir trajetórias que podem levar cineastas desconhecidos à cena internacional.

Ao longo de sua carreira como programador, Gustavo Beck esteve à frente de seleções que revelaram talentos e consolidaram trajetórias. Seu olhar curatorial contribuiu para que obras ganhassem visibilidade não apenas entre críticos, mas também entre instituições e distribuidores internacionais.
Curadoria como escrita da memória
Para Gustavo Beck, cada mostra é uma forma de escrita. A disposição dos filmes em um programa, os diálogos entre títulos, o recorte temático ou autoral — tudo isso participa da construção de sentido e da fixação de marcos estéticos e culturais.
Conforme ele afirma, festivais são também arquivos vivos: ao revisitarem obras esquecidas, restaurarem cópias raras ou promoverem retrospectivas, eles contribuem ativamente para a preservação da história do cinema. E é nessa interface entre passado e presente que a curadoria se fortalece como instrumento de memória.
Uma prática em constante transformação
Com as transformações do audiovisual, os festivais também se reinventam. Plataformas digitais, novas políticas de acessibilidade, integração com museus e universidades — todos esses fatores influenciam a prática curatorial contemporânea. Gustavo Beck, com sua experiência como curador, programador e consultor, acompanha de perto essas mudanças e adapta suas estratégias para manter o cinema relevante e plural.
Segundo Gustavo Beck, os festivais de cinema são tão importantes quanto os próprios filmes que exibem. Eles registram, interpretam e influenciam a evolução do audiovisual. O papel do curador e do programador, por isso, vai muito além da seleção: é um trabalho de tradução cultural e formação de legado, que impacta diretamente a forma como o cinema será lembrado pelas gerações futuras.
Autor: Nilokole Zakharova