Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 prometem ser um evento marcante não apenas pelo espetáculo esportivo, mas também pela intensa presença de questões geopolíticas. A invasão russa da Ucrânia e o apoio de Belarus, iniciados em fevereiro de 2022, quase impediram a participação de atletas desses países. No entanto, o Comitê Olímpico Internacional (COI) conseguiu reintegrar progressivamente atletas russos e bielorrussos sob condições estritas, como competir sob bandeira neutra e sem vínculos com o exército.
A decisão de permitir a participação de atletas russos e bielorrussos, mesmo sob bandeira neutra, gerou controvérsias. A Ucrânia inicialmente ameaçou boicotar os Jogos, mas acabou cedendo. Atualmente, 28 atletas russos e 19 bielorrussos estão autorizados a competir em Paris, em modalidades como luta livre, levantamento de peso e ciclismo. Qualquer manifestação de apoio à guerra na Ucrânia pode resultar na exclusão imediata dos Jogos.
Outro ponto de tensão é a relação entre Israel e Palestina. O COI tem se esforçado para manter uma postura neutra, apoiando a solução de dois Estados. Atletas palestinos esperam usar os Jogos como uma plataforma para chamar a atenção mundial para sua causa, enquanto a delegação israelense foca na segurança, um tema sensível desde o ataque em Munique em 1972.
A situação no Afeganistão também traz desafios. Com a volta dos talibãs ao poder, a prática esportiva feminina foi proibida. Mesmo assim, o COI conseguiu garantir a participação de três homens e três mulheres afegãs, todos residentes no exterior, exceto um judoca. A presença dessas atletas é vista como um símbolo de resistência e esperança.
A trégua olímpica, um conceito antigo que visa suspender conflitos durante os Jogos, foi reiterada pelo Papa Francisco. Ele destacou o poder unificador do esporte e pediu que os Jogos de Paris sejam um exemplo de paz e cooperação global. No entanto, a realidade geopolítica atual torna esse ideal difícil de alcançar.
A segurança é uma preocupação constante. A Polícia Federal do Brasil, junto com outras forças internacionais, está em Paris para ajudar na segurança dos Jogos. A presença de cerca de 1.700 agentes de 44 países reflete a magnitude do evento e a necessidade de medidas rigorosas para garantir a segurança de todos os participantes e espectadores.
Além das questões políticas e de segurança, os Jogos de Paris também são uma oportunidade para celebrações culturais. A tocha olímpica, por exemplo, passou pelo Jardim Marielle Franco, homenageando a ativista brasileira. Esse tipo de evento ajuda a destacar a importância dos Jogos como um momento de união e celebração global.
Em resumo, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 serão um palco onde esporte e política se entrelaçam de maneira complexa. Enquanto atletas de todo o mundo competem por medalhas, questões geopolíticas e de segurança continuarão a influenciar o evento, lembrando-nos de que o esporte, embora poderoso, não está isolado das realidades do mundo.